Uma nova abordagem sobre disciplina infantil

Muitas das práticas educacionais são baseadas em incentivos e consequências que estão ligadas a um comportamento desejado. Por que meu filho está se comportando mal? Ele não está sendo incentivado o suficiente a seguir as regras. Estratégias como contar até três, ter um quadros de regras e dar ou tirar privilégios enfatizam a obediência aos comandos dos adultos e se apoiam no poder para alcançar os objetivos.

Mas será que existe uma opção melhor para diminuir o mau comportamento? Que tal deixar o autoritarismo de lado e se aproximar mais da colaboração como a principal forma de influenciar seu filho? Dar às crianças escolhas sobre suas próprias questões e as ferramentas necessárias para que resolvam os problemas que afetam suas vidas é uma maneira muito melhor de prepará-las para o mundo real.

Os pais se preocupam em perder a autoridade e a sensação de controle ao trocarem o poder pela colaboração, pois falham em reconhecer que o controle é simplesmente uma ilusão. Nenhum pai ou mãe tem controle total sobre o êxito do filho. O melhor que você pode fazer é influenciar – os pais têm muita influência sobre seus filhos, e têm maior probabilidade de serem ouvidos quando aprendem a ouvi-los e envolvê-los na busca por soluções para os problemas que afetam suas vidas. E as expectativas? Sim, é impossível ser mãe ou pai e não ter expectativas. O problema é quando o seu filho tem dificuldades para atender uma expectativa específica. Como resolver um problema de forma cooperativa? Dr. Ross W. Greene , autor de “Raising Human Beings” descreve seu método focado no ambiente para melhorar comportamentos:

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  • Na etapa da Empatia, os cuidadores coletam informações da criança, com o objetivo de compreenderem a preocupação, a perspectiva ou o ponto de vista dela diante de uma determinada expectativa não atendida.
  • Na etapa Definir as Preocupações do Adulto, o cuidador compartilha sua preocupação sobre o problema.
  • Na etapa O convite, a criança e o adulto discutem soluções que poderiam funcionar, e escolhem uma para experimentar.

Há vários fatores importantes sobre esse modelo a serem ressaltados:

  1. As expectativas não atendidas são previsíveis: todos os dias, as crianças e os cuidadores discutem sobre as mesmas questões sem resolver o problema. Cada expectativa não atendida na lista é previsível, o que permite discuti-las e resolvê-las proativamente.
  2. Você não está cedendo, está resolvendo um problema: essa é uma abordagem colaborativa, o que não significa que o cuidador esteja perdendo qualquer tipo de autoridade durante o processo – na verdade, ele ganha um parceiro de solução de problemas.
  3. Você não está resolvendo um problema, está criando um ser humano: há mais do que apenas a solução de problemas nessas três etapas. A etapa da empatia ajuda a criança a identificar e expressar suas preocupações – uma habilidade que será essencial para sua vida – e o cuidador a praticar a escuta da criança. Na etapa Definir as Preocupações do Adulto, a criança exercita a empatia, assumindo a perspectiva de outra pessoa, e reconhece como seu comportamento está afetando outra pessoa (habilidades essenciais), e o cuidador se concentra nas suas preocupações, e não nas soluções. Na etapa O Convite, o cuidador e a criança podem, em conjunto, pensar em soluções alternativas e garantir que essas soluções sejam satisfatórias para ambos, resolvendo, enfim, as divergências.

Muitos dos problemas entre adultos e crianças estão relacionados à disputa pelo poder. Ao trocar o poder pela colaboração, surge um novo mundo repleto de possibilidades. Que alívio admitir que você nem sempre está no comando e não ter mais a sensação de que deveria estar!

De acordo com Greene, “O trabalho dos pais é descobrir quem é seu filho, se sentir confortável com isto e, depois, ajudá-lo a viver uma vida que seja congruente com ele”. Muitos pais não concordam com essa afirmação e estão determinados a mudar seus filhos. No entanto, não se trata apenas de resolver um comportamento problemático, mas também de construir um relacionamento com seu filho que durará a vida inteira. Segundo a escritora Katherine Reynolds, “O trabalho de um pai ou de uma mãe não é moldar uma criança utilizando um modelo específico, e sim perceber a criança que tem – com suas forças e desafios – e ser seu parceiro ao longo da caminhada para a vida adulta”.