teoria do apego

O que é a teoria do apego?

Segundo a teoria do apego, interações socioemocionais e contatos físicos são tão importantes para o desenvolvimento infantil quanto uma boa nutrição, descanso e cuidados médicos.

É provável que você já tenha ouvido o termo “apego” em várias ocasiões, seja em revistas para pais, seja na boca do pediatra ou em alguma conversa que você tenha tido com um amigo psicólogo. Especialmente, as mães de primeira viagem podem estabelecer um apego não-seguro com seus pequenos.

Mas o que isso significa? Por que esse conceito ganhou tanta notoriedade? Neste artigo, explicaremos brevemente a teoria do apego e a sua relação com o desenvolvimento na primeira infância. Além disso, daremos algumas dicas sobre como favorecer o apego seguro em seu filho.

O que é a teoria do apego?

Em poucas palavras, o apego é um processo relacional que começa a se desenvolver desde a primeira infância e que se consolida durante os primeiros anos de vida, quando a criança adquire mais habilidades cognitivas. Nesse momento, por exemplo, entende os conceitos de permanência do objeto ou causa e efeito.

Esse apego inicial envolve uma série de comportamentos, sentimentos e a forma de pensar sobre nós mesmos, os outros e o mundo com o qual interagimos. Isso nos permite decodificar como as relações sociais funcionam e, portanto, forma as bases para todas as interações socioemocionais que teremos ao longo de nossas vidas, além de favorecer o desenvolvimento das funções executivas.

O apego seguro

A psicóloga estadunidense Mary Ainsworth desenvolveu um método para identificar se há uma relação de apego seguro, promovida a partir de uma breve separação. É a chamada “situação estranha”, que consiste em analisar o comportamento da criança ao reencontrar os pais ou cuidadores após algum período sem eles.

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Segundo a pesquisadora, se o seu bebê tiver um sistema de apego seguro bem desenvolvido, ele:

  • não ficará nervoso quando estiver sozinho;
  • terá reações positivas ao ver os pais ou cuidadores novamente;
  • preferirá a presença deles à de qualquer estranho.

Esse tipo de comportamento mostra que o seu bebê se sente à vontade para demonstrar emoções de contentamento e não se sente extremamente dependente da presença de outros. Ainda, que não se sente inseguro quanto a qualquer possibilidade de abandono.

O apego não seguro

De acordo com os especialistas, as formas de apego não seguro podem ter alguma influência genética, mas são, sobretudo, resultado da qualidade de relações socioafetivas construídas com os pais nos primeiros anos de vida. Um sistema de apego seguro não desenvolvido pode gerar as seguintes respostas comportamentais à situação estranha:

  • apego ambivalente ou resistente — seu bebê ficará nervoso se estiver sozinho, não demonstrará alívio com o retorno dos pais ou cuidadores e suspeitará de estranhos;
  • apego evitante — nesse caso, seu pequeno pode não demonstrar preferência entre estar com os pais ou algum estranho e não buscará conforto ou mesmo contato no reencontro;
  • apego desorganizado — aqui, seu bebê pode apresentar uma mistura de reações ambivalentes e evitantes.

Como você pode perceber, nesses casos, a criança não sente vontade natural de buscar proximidade com um adulto protetor, seja porque tem medo do abandono, seja porque não sente confiança para demonstrar sentimentos.

Como a teoria do apego foi desenvolvida?

A teoria do apego remonta à década de 1930, quando o psiquiatra René Spitz descobriu que os relacionamentos e o contato físico são tão importantes para uma criança quanto uma boa nutrição, descanso e cuidados médicos.

A importância dos primeiros relacionamentos ficou evidente quando as pessoas perceberam que, objetivamente falando, as crianças eram incapazes de atingir seu potencial se não tivessem ligações afetivas com seus cuidadores.

Os padrões relacionais que criamos durante a infância determinam como interagimos com os outros durante a vida adulta. Nos anos 1980, o psicólogo britânico John Bowlby publicou um livro revolucionário sobre como criar um apego seguro entre pais e filhos e, portanto, promover o desenvolvimento futuro.

Sua pesquisa introduziu a noção de apego seguro, que descreve o padrão de relacionamento em que uma criança aprende que suas necessidades emocionais serão atendidas e que ela não será abandonada ou perturbada.

O livro Raising a secure child (em português, “Criando uma criança segura”), escrito pelos psicólogos Kent Hoffman, Glen Cooper e Bert Powell, da Universidade de Berkeley, descreve o apego seguro como “a confiança e a segurança da bondade em mim, em você e nos outros”, que as crianças manifestam ao longo de suas vidas.

Como desenvolver um apego seguro?

Agora que você entendeu um pouco mais sobre a teoria do apego, veja 7 dicas para promover um apego seguro em seu bebê!

1. Passe tempo de qualidade com seu filho

Mesmo quando temos que nos dividir entre trabalho e maternidade, a qualidade das interações faz muita diferença na construção de um apego seguro. Passe algum tempo com o seu pequeno e brinque com ele, fazendo contato visual, tocando-o e compartilhando suas emoções.

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Além disso, nunca deixe seu filho sozinho em situações de estresse, pois ao se ver longe das figuras protetoras nos momentos de grandes emoções faz com que ele se sinta inseguro. Nas “explosões” de birra ou crises de choro, é importante estar por perto e demonstrar calma e empatia, até que ele também se acalme.

2. Pratique interações de ação e reação

Compartilhe os interesses do seu filho praticando interações de ação e reação. Converse bastante com o seu bebê e responda às reações dele — essa responsividade estimula uma relação de confiança. Quando o seu bebê chorar, vá até ele e mostre que está ali para amparar suas necessidades básicas. Quando começar a falar, sempre pare para ouvir e responda.

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De acordo com o Dr. Jack Shonkoff, do Centro de Desenvolvimento Infantil de Harvard (CDC), a existência de responsividade por parte dos pais ou cuidadores fortalece as conexões neurais e estimula habilidades socioemocionais e comunicativas. Brincadeiras de repetição de sons e imitação de palavras, além de ser atividades cognitivas importantes, favorecem a interação de ação-reação.

Por outro lado, a ausência de interações de ação e reação eleva a carga de hormônios do estresse no seu pequeno, o que pode, até mesmo, comprometer suas funções executivas no longo prazo. Por exemplo, a exposição excessiva aos eletrônicos: por mais que sejam estímulos chamativos, celulares e televisões não respondem à criança.

3. Familiarize-se com o temperamento do seu filho

Familiarize-se com o temperamento e os sinais do seu filho. O controle excessivo sobre o jeito de ser do seu pequeno pode ser prejudicial. Não tolerar algumas necessidades, controlar comportamentos e não validar os sentimentos e as vontades da criança pode levá-las a ter falta de confiança em si mesmas e baixa autoestima.

É claro que temos que educar e instruir da melhor forma. Especialmente na primeira infância, o estabelecimento de limites é fundamental para que o seu filho, mais tarde, tenha autodisciplina. A chave é o equilíbrio: mostrar respeito aos sentimentos e às necessidades do seu pequeno, sem ser permissivo demais, e com alternativas ao castigo.

4. Ajude-o a regular as próprias emoções

Nos primeiros anos de vida, seu filho ainda não entende muito bem os próprios sentimentos. Ajudá-lo a identificá-los é essencial para que ele desenvolva um sistema de apego seguro. Para tanto, conforte-o quando ele tiver dificuldade para regular as próprias emoções.

As crianças aprendem a entender e controlar melhor o que sentem quando são treinadas a lidar com essas emoções, e não apenas reprimi-las. Então, em vez de interromper momentos de raiva, medo ou ansiedade com repreensões, veja nessas situações oportunidades de ensiná-las a nomear e processar o que sentem.

Por exemplo, se você disser que é hora de dormir e seu filho começar a jogar brinquedos no chão, você pode dizer “você está bravo porque não quer dormir, mas precisa descansar agora para poder brincar mais amanhã”.

Para melhorar essa identificação de sentimentos, outra dica é brincar de fazer caretas na frente do espelho. Primeiro, anuncie a emoção que será representada e, depois, faça uma careta para demonstrá-la. Por exemplo, “estou bravo”, “estou feliz”, “estou com medo”. Quando seu filho for um pouco maior, peça para ele representar essas emoções também.

5. Pratique o autocuidado

Cuide-se, durma bem e coma de forma saudável para evitar ficar de mau humor. Isso ajudará a estar 100% em sua relação com seu filho. Especialmente, a qualidade de sono, quando negligenciada, pode resultar em irritabilidade e falta de paciência.

Além disso, procure ter bastante organização na rotina para evitar a sobrecarga de afazeres nos momentos em que estiver com seu pequeno. Ao dividir a atenção entre ele, as obrigações domésticas e outros compromissos, você pode ter mais dificuldade de ter interações de qualidade.

6. Desenvolva estratégias para situações de estresse

Encontre ferramentas ou estratégias para ajudar a manter a calma durante situações estressantes. Por exemplo, fazer exercícios de respiração, pedir ajuda ou dar uma volta. Dessa forma, você evitará explosões perto do seu filho e não passará a sua tensão para ele: as crianças são como esponjas dos sentimentos dos adultos.

Se demonstrar estresse perto do seu filho, mesmo que ele ainda seja pequeno, você pode conversar assim que se acalmar, explicando por que perdeu a calma e pedindo desculpas. Isso o ajudará a modelar um comportamento respeitoso desde cedo, além de entender melhor o que aconteceu.

7. Evite a autocobrança excessiva

Embora esse seja um dos maiores desafios da maternidade, não se preocupe demais em ser a mãe perfeita. Cuidar de uma criança não é como ter uma empresa: não existem metas produtivas, prêmio de funcionário do mês e, muito menos, possibilidade de declarar falência.

Tentar evoluir para uma versão melhor de nós mesmos é muito benéfico, especialmente, quando se trata de criar os filhos. Afinal, é uma enorme responsabilidade formar um ser humano para a vida. No entanto, evite a busca pela perfeição: tente apenas fazer o seu melhor e se interessar genuinamente pelo desenvolvimento do seu filho.

Gostou de conhecer a teoria do apego? Como você viu, ajudar o seu filho a desenvolver um sistema de apego seguro não é uma tarefa tão complexa. A palavra-chave é: ligação. Para isso, as interações de qualidade — inclusive físicas, como abraços e beijos —, e a atenção às necessidades e sentimentos do seu pequeno, são ingredientes essenciais.

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